Repertório de Pilates: o que pensar para selecionar.

FEET IN

Quando vamos selecionar uma série de exercícios para um aluno, devemos levar em conta uma diversidade de fatores: qual sua situação corporal hoje, qual seu histórico de atividades físicas, quais os seus objetivos, enfim, várias considerações.

Dentre essas, três elementos que devem ser observados no aluno de forma entrelaçada para que a execução dos exercícios seja um sucesso são: seus limites físicos, sua consciência corporal e sua capacidade de concentração.

Como assim? Vamos imaginar um aluno com um encurtamento importante de ísquios tibiais. Digo importante porque acho que nunca recebi uma avaliação postural aonde não viesse escrito “encurtamento de IT”. A partir daí temos a certeza que é importante que essa musculatura seja alongada.

Podemos sempre lançar mão durante as aulas de exercícios de alongamento propriamente ditos como a Série Ballet Streches no Barril ou utilizando theraband, flexring, parede, o que acreditarmos conveniente.

Mas vamos imaginar que tomamos a decisão de incorporar em seu plano de aula, exercícios do repertório que levem a uma amplitude de movimento (ADM), que procure alcançar o alongamento elástico desta musculatura. Pensemos, por exemplo, num Feet in Straps no Reformer com os dois pés nas alças.

Aluno posicionado em decúbito dorsal, coluna neutra, crânio, torácica com costelas e sacro bem apoiados no carrinho, colocamos as alças nos pés, quadris num ângulo de flexão de descanso, cerca de 45º. O movimento será flexão e extensão dos quadris numa amplitude que mantenha sua coluna organizada, com boa estabilização do centro.

Chances de sucesso? Depende.

Se pensarmos que o alongamento depende do afastamento dos pontos de inserção muscular – ísquios e tíbias – e que nesse caso o ponto fixo serão os ísquios, a chance de sucesso dependeria, inicialmente, de o aluno ter uma boa consciência corporal.

Digo isso porque, caso o aluno não tenha consciência do momento de parar o movimento de flexão do quadril, o encurtamento rapidamente levará a tração dos ísquios/pelve que, em seguida, arrastará a coluna lombar em flexão. Como o movimento será feito repetidas vezes, vamos imaginar que essa flexão/extensão intervertebral irá acontecer inúmeras vezes assim como o “comprime-descomprime” dos discos intervertebrais.

É imprescindível para o sucesso na execução deste exercício, e da saúde corporal do aluno, que ele tenha consciência corporal e capacidade de concentração. Por que? Porque não adianta ele ficar estável em três ou quatro repetições. Ele precisará estar presente, com seu foco de atenção na sua pelve – além de sua respiração e outros princípios – em todas as repetições.

Voltando ao início da conversa é fundamental que o professor além de escolher exercícios que levem o aluno a melhorar suas necessidades, tenha uma boa capacidade de observação/escuta para verificar se o exercício é realmente adequado para aquele aluno, naquele momento.

E quais são os adequados? Aqueles que ele consegue executar sem sobrecargas indevidas e que levem a melhoria das capacidades e habilidades do aluno.

Segundo Porterfiel de DeRosa  “Para que o paciente possa gerenciar com sucesso seu problema na lombar, é necessário que ele reconheça as posições vulneráveis ​​de sua região lombo-pélvica que permitem que forças destrutivas ocorram”

De maneira geral, um exercício em cadeia aberta poder ser mais difícil inicialmente para alunos com encurtamentos de grandes cadeias musculares que tendem a “espremer” o corpo sem passar por todas as articulações, ou seja, sem dissipar forças.

É preciso oferecer inicialmente situações mais seguras, que permitam um maior desenvolvimento da capacidade de dobrar-se, articular, até para estimular o ganho de consciência corporal. As cadeias fechadas costumam ser mais úteis nesse sentido.

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