Retificação cervical: alteração postural do homem urbano?


Tenho recebido nos estúdios um grande número de alunos com retificação cervical.
Muitas vezes vem acompanhada de queixas: dor no pescoço, ombros tensos, dor de cabeça.. Outras vezes a situação é ainda mais crítica – hérnias cervicais.

Assim como muitos alunos acometidos de hérnia lombar tem retificação da lordose lombar, tendência à retroversão da bacia, podemos observar que grande parte dos alunos acometidos de hérnia cervical sofrem do mesmo mal – retificação.

A aparência já entrega logo: linhas no pescoço, papinho embaixo do queixo, pescoço rígido… a musculatura anterior puxa o queixo para baixo e para dentro tracionando a musculatura da nuca e pressionando todos os discos intervertebrais anteriormente.
Talvez pelo uso freqüente do teclado, muito tempo estudando com a cabeça baixa e outras situações que nos mantém nessa posição de flexão anterior da pesada cabeça, a tendência do material nuclear é migrar posteriormente, rompendo, pouco a pouco as fibras do ânulo fibroso.
Além disso, a musculatura anterior e lateral do pescoço fica constantemente tensa e a posterior, responsável pela manutenção da lordose cervical todo o tempo estirada. É importante que lembremos que coluna neutra não vale apenas para lordose lombar, mas também para cervical.
Temos então que resgatar esse arco através de, por um lado, estimular os eretores espinhais cervicais (multífidos) e, por outro, relaxar a musculatura anterior do pescoço.

Práticas de percepção corporal para estimular a consciência da lordose cervical

1. Deitados no solo encontrar os 3 pontos de apoio da coluna neutra: sacro, torácica e crânio. Visualizar as áreas côncavas: lordose cervical e lombar. Pedir ao aluno para movimentar a cabeça suavemente de um lado para o outro, soltando a língua dentro da boca, afrouxando o maxilar. A professora/fisio da minha equipe, Dayse, deu a imagem de pensar numa nuvenzinha mantendo o espaço entre os dentes.

2. Muito gentilmente, pedir ao aluno que coloque os dedos das mãos sobre a traquéia e movimente-a bem devagar, de um lado para o outro, sentindo sua textura e flexibilidade, percebendo sua forma tubular. Abaixe um pouco o queixo e note como a musculatura rapidamente a prende enrijecendo-a. Relaxe novamente.

3. Peça aos alunos para colocarem as mãos no pescoço, envolvendo-o, sentindo esse tubo de pele(na animação está feito com uma mão, mas pode ser feito também com duas) e “pentear” o pescoço para cima. Gosto da imagem do pescoço de argila que vamos moldando com as mãos. O polegar molda a parte anterior e o indicador a cervical.

4. Inspirar suavemente pelo nariz e, enquanto expira, pressionar gentilmente o crânio no solo sentindo a ativação da musculatura extensora da cervical. Repita algumas vezes mantendo a parte anterior do pescoço lisa e a traquéia solta. Cuidado para não exagerar aumentando a lordose cervical. Não é esse o objetivo, então , mantenha o alongamento axial, ombros longe de orelhas.

5. O professor pode, a qualquer momento, colocar os dedos abaixo do pescoço do aluno, justo sobre as espinhosas cervicais e, suavemente, empurrá-las para cima algumas vezes, quase brincando com elas, de forma que retomem seu arco ajudando no relaxamento do pescoço anteriormente.

Práticas de percepção corporal para estimular a consciência da lordose cervical durante os exercícios:

1. Inspirar suavemente pelo nariz procurando expandir suas costelas no solo, como se fossem guelras, espalhando-as pelo chão. Enquanto expira amacie o esterno e, ao mesmo tempo, suavize a musculatura do pescoço, maxilar, como se uma boca abrisse no pescoço anteriormente. Faça as repetições prestando atenção nessa ação.

2. Faça uma ponte (Bridge) focando sua atenção todo o tempo no relaxamento do pescoço, especialmente na descida. Temos uma grande tendência em, no momento de amaciar o esterno para descer, abaixar o queixo retificando a cervical. Lembre-se de, quando amaciar o peito, deixar o queixo macio mantendo o olhar no teto, e deixe abrir a “boca da garganta”!

3. Fique atento ao olhar do aluno: geralmente, sentado ou deitado, tendem a olhar para baixo retificando a cervical. Convide-o a fixar os olhos em pontos mais altos para que elevem um pouco o queixo. Mesmo deitado, peça que olha para cima, para o teto. Faça o exercício de pressionar o crânio durante os exercícios: por exemplo faça o foot work pressionando suavemente o crânio na cabeceira. Depois de algumas repetições a sensação da lordose fica mais presente e os eretores mais ativos.

É isso aí! Experimentem e vamos compartilhar nossa experiências! Beijo, Silvia.

14 comentários em “Retificação cervical: alteração postural do homem urbano?”

  1. OI Silvia td bem???
    Tenho acompanhado o seu blog e gosto bastante!!! Trabalho com Pilates ha quase 3 anos e estou procurando um curso pra formacao mais completa e há 1 ano que estou namorando fazer o curso da Physio Pilates, mas tenho mto interesse em certificado internacional, vc sabe se o de transicao tem esse certificado?
    Obrigada
    bjo

  2. Oi Carolina! Obrigada por nos acompanhar! O certificado da Physio é um só: Transição ou Híbrido, o certificado é o mesmo e tem valor internacional. O Transição apenas tem a carga horária menor por ser oferecido apenas a profissionais que já tem conhecimento e experiência na área!
    Faça sem medo de errar!
    Beijos, Silvia.

  3. Oi Silvia! O que vc acha do curso do Pilates Brasil da Inelia Garcia? Depois de formados os instrutores tem reunioes periodicas com a Inelia para reciclagem… O curso da Physio alem de cursos avancados, possui algum tipo de reciclagem??
    Beijo, Simone.

  4. Oi Simone, acho o curso da Inélia excelente, muito completo. Genial essas reuniões de reciclagem. Faço isso com meus professores!
    O Pilates que Inélia desenvolve segue uma linha tradicional do Pilates, bastante atlética, dinâmica, enquanto a Physio, assim como a Stott, são os denominados Evolved.
    Eu, pessoalmente, desenvolvo um trabalho de organização de movimento num ambiente de Pilates. Mesclo vários elementos em aula como Eutonia, Feldenkrais, associados ao Pilates, para que o aluno alcance os resultados que acredito serem interessantes para ele.
    A Physio Pilates oferece workshops como Flymoon, Coluna Viva, Coluna Avançada, Osteoporose, Pilates para crianças, que são formas muito ricas de reciclagem e atualização.
    Além disso acontecem as Conferências (como a Internacional em Salvador ano passado) e os Encontros (como o Sudeste em 2008 e agora em Outubro de 2010).
    Cada escola com seu leque de possibilidades!
    O importante é seguir estudando, reciclando, compartilhando conhecimento!
    Beijo, Silvia.

  5. LÚCIA HELENA ZANGIROLAMI TRESSO

    Olá Silvia, sou prof. de Educação Física e nunca trabalhei com Pilates, mas ja ministrei aulas de ginástica por 8 anos, estou muito interessada em fazer um curso, tenho q oportunidade de faze-lo perto de casa, com a Equipe Ivana Heinn, qual sua opinião sobres esta formação terei base, para aulas de solo e no estudio tbem?
    Abraços e obrigada.
    Lucia Helena Z. – SBC – SP

  6. Oi Lúcia, obrigada por entrar em contato! Lúcia, como colega a primeira coisa que vou te sugerir é a mesma que sugiro para todos que não conhecem ainda o Pilates, mas se interessam, por ele: pratique! Invista seu dinheiro, num primeiro momento, em fazer aulas. Faça várias experimentais primeiro (que , em geral, são cortesia) para escolher o local que você sentir mais firmeza. Neste ínterim vá conhecendo as diferentes escolas, as diferentes cargas horárias, etc. Eu não conheço o curso da Ivana, mas sei que ele é forte no Sul do país. De qualquer forma, como sempre, indico o curso da Physio Pilates, que sempre acontecem aqui por São Paulo e é excelente. É um valor mais alto mas a carga horária e profundidade do curso valem cada centavo! Abraço, Silvia.

  7. Silvia, vc não me conhece, sou professora de Pilates e adoro acompanhar sua página, você tem uma linguagem clara e gostosa de ler. Me ajuda muito em melhorar as minhas aulas com a escolha das palavras que uso para explicar os exercícios e a utilização das figuras de linguagem que sempre tentamos aperfeiçoar a cada aula dada.
    Obrigada por manter esta página à disposição!
    Abraços,
    Samanta

  8. Larissa Marcolino

    Olá Silvia!!! Gostei muito do seu post, tenho tido dificuldades com uma aluna que tem hernia cervical. Ela tem muita dificuldade em relaxar a musculatura da região cervical.

    1. Oi Larissa, imagino! Uma sugestão é fazer exercícios com a cabeça na overball murchinha como se a cabeça flutuasse sobre ela.
      Peça que faça micro movimentos de sim e não com o nariz, bem lentamente.
      Outra idéia é colocar, agora sentada, as duas mãos ao lado do pescoço e movê-lo sem esforço, bem molinho, deixando a própria mão perceber o relaxamento.
      Experimnente!

      Abraço

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